O estado de
prostração devido ao calor é uma condição
que envolve diferentes sistemas, decorrente da elevação
brusca de temperatura corporal que ultrapassa os 41oC, havendo uma
perda do controle da termorregulação cerebral. A prostração
pelo calor ocorre quando a carga calórica recebida pelo animal
excede sua capacidade de eliminar calor pela respiração.
As causas mais
comuns de intermação são o confinamento em
ambientes fechados e superaquecidos e a permanência em ambientes
úmidos e muito quentes. Áreas pouco ventiladas como
o interior de automóvel no verão, bem como exercício
intenso e acasalamento durante o período mais quente do dia,
podem levar à condição. A probabilidade de
ocorrer a intermação depende da intensidade do calor
e do tempo de exposição à ele, além
da capacidade de circulação de ar e da umidade ambientais.
É mais
comum nas raças pequenas de crânio pequeno por possuírem
narinas e vias aéreas superiores estreitas. Nestas raças,
o espaço da faringe é geralmente restrito e é
ele quem previne a instalação do processo, uma vez
que, os cães refrescam-se através do sistema respiratório
e língua. Entretanto, quando as circunstâncias que
favorecem estão presentes, pode desenvolver-se em qualquer
animal. Um pelame denso contribui ainda mais para o aumento da temperatura,
que pode elevar-se a níveis incontroláveis.
A hipertermia
(aumento da temperatura) causa necrose celular e praticamente todos
os órgãos são afetados quando a temperatura
corpórea atingir 42-43oC e persistir por alguns minutos.
As manifestações
clínicas dependem dos órgãos afetados. A gravidade
dos sinais é proporcional à intensidade e duração
da exposição ao calor. Podem incluir respiração
ofegante e rápida com a boca aberta, mucosas secas e de coloração
vermelho-tijolo, taquicardia, dificuldade respiratória, cianose,
estupor (estado em que, estando a consciência desperta, o
paciente não reage a estímulos externos, permanecendo
imóvel, numa só posição), vômitos
e diarréia hemorrágicos, convulsões, choque,
coma e parada respiratória.
O tratamento
varia de acordo com a severidade da condição. De uma
forma geral, o tratamento tem com objetivo a reversão imediata
do quadro de hipertermia, controle do choque e edema cerebral, reversão
de edema pulmonar, detecção e tratamento das complicações
tardias (por exemplo insuficiência renal) e controle ou eliminação
dos fatores predisponentes.
Com o início
do tratamento imediato, a temperatura corpórea diminui para
39,5oC nos primeiros 10 a 20 minutos, e isso pode ser conseguido
com banhos de água fria. Não é aconselhável
a imersão em água gelada por provocar rachaduras cutâneas
que impedem a dissipação do calor.
Se o tratamento
for realizado precocemente, haverá recuperação
na maioria dos casos. Os animais em coma que não recuperam
a consciência em 12 ou 24 horas, dificilmente retornarão
a um estado funcional normal. Em alguns casos de complicações
secundárias, o prognóstico é reservado. Animais
que se recuperam dessa afecção podem tornar-se predispostos
a novos acidentes em virtude de seqüelas neurológicas.
Como prevenção é aconselhável conservar
os animais em ambiente fresco e calmo durante os períodos
mais quentes. Deixar sempre disponível água limpa
e fresca. Nunca permitir que os animais fiquem confinados dentro
dos carros. Evitar exercícios físicos em períodos
mais quentes do dia. Procurar imediatamente um veterinário
ao perceber que o animal pode estar com insolação.
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